

O MEIO REVISTA – CONCEITUAÇÃO E MERCADO
POR ADRIANO RODRIGUES
O meio revista tem papel fundamental na comunicação de massa, tanto no Brasil quanto no mundo. Ela difere-se de outras publicações como o jornal pelas características e especificidades que a definem. O jornal é um tipo de publicação periódica que propaga suas informações diárias, rápidas etc, enquanto a revista é um periódico que publica informações mais profundas, sua periodicidade tem um tempo mais espaçado, pois temos revistas semanais, mensais, semestrais etc. Outra característica importante do meio revista é que as informações contidas em suas publicações são geralmente segmentadas, de cunho jornalístico, podendo ter informações científicas, de entretenimento etc.
Souza relata que no final do século XIX o meio revista se consolida como produto midiático, consolida algumas de suas características e se populariza como meio de comunicação de massa.

Podemos considerar, então, que até o final do século XIX, a revista como produto midiático tinha consolidado algumas de suas características; tanto na relação com o público, sendo algo mais ligeiro e informal que o livro e sempre voltado para um leitor mais específico; quanto no conteúdo, diversificado, entre informação e entretenimento, com um forte aspecto visual inicialmente propiciado pelas ilustrações e depois pela fotografia. A própria estrutura de capa e contracapa já era usada corriqueiramente desde a metade do século. Thomas Gretton (1997) reforça que até 1895 era comum que as revistas ilustradas tivessem uma separação maior entre texto e imagens, normalmente postas em páginas distintas, com o uso dominante de imagens na primeira e última capa. As revistas não estavam se consolidando apenas por conta da disseminação das suas características, mas também da sua popularização e estabelecimento como meio de comunicação de massa.
Exemplos de diagramação de jornal e revista sobre o mesmo tema: Os Simpsons. Do lado esquerdo, matéria do jornal do Metrô de dezembro de 2011 e, do lado direito, matéria da revista SUPER INTERESSANTE de agosto de 2011.
Outra grande característica da revista é sua liberdade na composição dos layouts que ilustram as matérias, pois, mesmo havendo uma padronização por meio do projeto gráfico, os profissionais que fazem sua diagramação ousam e criam imagens que possam ilustrar a matéria de forma mais artística, com mais liberdade editorial, diferentemente do jornal, que tem um layout mais rígido em termos de diagramação. Esses cuidados são necessários, já que o tempo que cada mídia tem para publicar seus conteúdos é diferente, devido a diferença de periodicidade. Os profissionais que trabalham em revistas têm um maior tempo para poder trabalhar a criatividade da diagramação e das imagens, e, como já dissemos, no jornal o tempo de publicação é bem curto (diário). A revista tem, portanto, um pouco mais de tempo para trabalhar o conteúdo verbal e não verbal. A prática de ilustrar a mensagem com imagens mais trabalhadas artisticamente, além de enriquecer visualmente o meio revista, ajuda a reforçar a mensagem.
Para exemplificarmos o mercado editorial da revista impressa, nos apoiaremos nas informações publicadas no aplicativo da ANER – Associação Nacional de Editores de Revistas. As informações publicadas pela ANER são dos anos de 2013/2014 e fazem um panorama do público consumidor da revista e sua relevância para o mercado editorial. As informações fornecidas pela ANER foram divididas em seis partes. Vamos a elas:
- O número de leitores de revista no Brasil está por volta de 92 milhões de pessoas;
- Do total de 92 milhões, 55 milhões são de mulheres;
- São leitores com grande potencial de consumo;
- A maioria são das classes B e C;
- Possuem maior renda média.
O mercado de revista está dividido em dois: o da revista impressa e da revista digital. O primeiro mercado já existe há muito tempo, já o mercado de revista digital é novo, e tem seu início em 2010 com a entrada do iPad. O grande diferencial da revista digital está em três tipos de suportes, pois podemos encontrar sua versão em computadores, tablets e smartphones. O crescimento de acesso a esses dispositivos vêm aumentando rapidamente nos últimos anos e a vida da revista impressa não tem sido nada fácil. Segundo dados das publicações digitais Meio&Mensagem, Valor Econômico e Propmark, em pesquisa realizada pela IVC (Instituto Verificador de Circulação), no ano de 2013, a circulação da revista caiu 3,1%.
Enquanto a comercialização da revista impressa vem caindo, a da revista digital vem crescendo. Essa informação foi extraída do Portal da Folha de São Paulo na Internet, onde segundo pesquisa realizada pelo IVC, a circulação de revista digital cresceu em 5,8% em relação ao primeiro semestre de 2013. Ainda na mesma pesquisa, o IVC relata que a circulação das revistas que não têm edições de revistas digitais caiu entre 3% e 4,4% comparado ao ano anterior (2012).
Acreditamos que um dos fatores que vêm influenciando a queda da circulação, não apenas da revista, mas de outros meios de comunicação, é o novo rumo que a publicidade brasileira vem tomando. Segundo pesquisa realizada pelo IAB (Interactive Advertising Bureau), a internet vem impactando os meios de comunicação. O motivo deste impacto é o aumento da verba publicitária destinada a web. No Brasil, no ano de 2014, a verba publicitária online deve superar o valor de 7,4 bilhões. As agências brasileiras e americanas perceberam que o acesso à informação na internet supera o da TV.
Para fecharmos o assunto sobre o mercado de revista e de anúncios publicitários, vamos deixar uma pergunta. Com a crescente queda de circulação da revista impressa, o aumento da busca por conteúdo de qualidade na internet e o gigantesco movimento que as agências de publicidade estão fazendo para levar os anúncios para a internet, como devemos repensar o mercado de revista impressa em virtude do digital?